terça-feira, 11 de outubro de 2011


Tão bom morrer de amor e continuar vivendo.

Mário Quintana.
Imagem: Gustav Klimt; O beijo

segunda-feira, 3 de outubro de 2011



Yo no pido una venganza,
no pido una revancha, por amor no pido nada,
no pido una tormenta, ni una luz ni una frazada,
para cubrir mi espalda,
yo no te pido nada, yo no te pido nada.

Yo no pido una chequera,
ni quiero tu comida, que siempre me alimenta,
no pido tu confianza, si sé que no la gano,
no quiero tus sermones, no quiero ni un regalo,
yo no te pido nada más,

que una risa, una caricia a tiempo,
papá que ya estoy viejo y al verme en el espejo,
no te veo.

Yo no pido una avalancha, que borre las heridas,
no pido tu regreso, no pido tu partida,
ni una luna, ni una estrella, que alumbre mi camino
yo no te pido nada, yo no te pido nada.

Yo no pido una guerrilla, que libere mis sueños,
no quiero dictaduras para borrar aquellos, si soñar es lo más bello, no pido tus canciones, ni tampoco tus versos,
yo no te pido nada más,

que una risa, una caricia a tiempo,
papá que ya estoy viejo y al verme en el espejo,
no te veo.

Y aunque espero, y es difícil
sé que nada es imposible para empezar.
Tanto tiempo, sin tu abrazo
y en tu corazón hay llanto, escúchame, más…

que una risa, una caricia a tiempo,
papá que ya estoy viejo y al verme en el espejo,
no te veo…

más que una risa, una caricia a tiempo,
papá que ya estoy viejo y al verme en el espejo,
te estoy viendo.

Diego Kuropatwa.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011



Penso às vezes que, quando estiver pronto, um dia qualquer, um dia igual hoje, vou encontrar você claro e calmo sentado no bar, à minha espera...

Caio F.

Créditos da Imagem: Plaza Dorrego. Bar. San Telmo. BsAs.
Tyson Williams

sexta-feira, 16 de setembro de 2011



Belezas são coisas
Acesas por dentro

Tristezas são belezas
Apagadas pelo sofrimento

Lágrimas negras
Caem, saem, doem...

Caetano Veloso.

Créditos da imagem: Pablo Picasso

segunda-feira, 12 de setembro de 2011



Apavorado acordo, em treva
o luar é como o espectro do meu sonho em mim
e sem destino, e louco, sou o mar
patético, sonâmbulo e sem fim...

Vinícius de Moraes

sexta-feira, 9 de setembro de 2011




Te perdono el montón de palabras
que has soplado en mi oído
desde que te conozco.

Te perdono tus fotos y tus gatos,
tus comidas afuera,
cervezas y cigarros, es más,

te perdono andar como tú andas,
tus zapatos de nube,
tus dientes y tu pelo.

Te perdono los cientos de razones,
los miles de problemas,
en fin, te perdono no amarme.

Lo que no te perdono
es haberme besado con tanta alevosía.
Tengo testigos: un perro, la madrugada, el frío,
y eso sí que no te lo perdono,
pues si te lo perdono seguro que lo olvido.

Noel Nicola

http://www.cantodetodos.cult.cu/index.php

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Desejo a vocês...

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu...

Carlos Drummond de Andrade

Créditos da Imagem: Juliana Duclós
Frutas Carmim (2007) Acrílica s/ Tela

segunda-feira, 5 de setembro de 2011


A imaginação é mais importante que o conhecimento.
O conhecimento é limitado. A imaginação envolve ao mundo.

Albert Einstein

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O Auto-Retrato



No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

Mario Quintana

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Na primeira manhã




Na primeira manhã que te perdi
Acordei mais cansado que sozinho
Como um conde falando aos passarinhos
Como uma bumba-meu-boi sem capitão
E gemi como geme o arvoredo
Como a brisa descendo das colinas
Como quem perde o prumo e desatina
Como um boi no meio da multidão


Na segunda manhã que te perdi
Era tarde demais pra ser sozinho
Cruzei ruas, estradas e caminhos
Como um carro correndo em contramão
Pelo canto da boca num sussurro
Fiz um canto demente, absurdo
O lamento noturno dos viúvos
Como um gato gemendo no porão
Solidão.


Alceu Valença.

Imagem: Xilogravura Nordestina. Da mostra Trajetória e Evolução, Memorial da Cultura Cearense

quarta-feira, 31 de agosto de 2011


Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade...

Oswaldo Montenegro

terça-feira, 30 de agosto de 2011




No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...

Mário Quintana
Créditos da Imagem: Portinari.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Se você não se atrasar demais, posso te esperar por toda a minha vida...
Oscar Wilde.
Créditos da Imagem: Paul Gauguin

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Defensa de la Alegría


Defender la alegría como una trinchera
defenderla del escándalo y la rutina
de la miseria y los miserables
de las ausencias transitorias
y las definitivas



defender la alegría como un principio
defenderla del pasmo y las pesadillas
de los neutrales y de los neutrones
de las dulces infamias
y los graves diagnósticos


defender la alegría como una bandera
defenderla del rayo y la melancolía
de los ingenuos y de los canallas
de la retórica y los paros cardiacos
de las endemias y las academias
defender la alegría como un destino
defenderla del fuego y de los bomberos
de los suicidas y los homicidas
de las vacaciones y del agobio
de la obligación de estar alegres


defender la alegría como una certeza
defenderla del óxido y la roña
de la famosa pátina del tiempo
del relente y del oportunismo
de los proxenetas de la risa


defender la alegría como un derecho
defenderla de dios y del invierno
de las mayúsculas y de la muerte
de los apellidos y las lástimas
del azar
y también de la alegría.


Mario Benedetti.

[in Antología poética, Alianza Editorial, 1999]
Fotografia: Artista Mambembe, de Jussara Fabris Leite.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Noite



Eu vivo
nos bairros escuros do mundo
sem luz nem vida.

Vou pelas ruas
às apalpadelas
encostado aos meus informes sonhos
tropeçando na escravidão
ao meu desejo de ser.

São bairros de escravos
mundos de miséria
bairros escuros.

Onde as vontades se diluíram
e os homens se confundiram
com as coisas.

Ando aos trambolhões
pelas ruas sem luz
desconhecidas
pejadas de mística e terror
de braço dado com fantasmas.

Também a noite é escura.

Agostinho Neto

Do Blog: http://betogomes.sites.uol.com.br/

segunda-feira, 25 de abril de 2011

sexta-feira, 15 de abril de 2011



Criar criar
Sobre a profanação da floresta
Sobre a fortaleza impudica do chicote
Criar sobre o perfume dos troncos serrados
Criar criar
Criar liberdade nas estradas escravas
Algemas de amor nos caminhos paganizados do amor
Sons festivos sobre o balanceio dos corpos em forcas
Simuladas
Criar (...)


Agostinho Neto – poeta e líder político africano de Angola
Fografia: Pierre Fatumbi Verger

terça-feira, 12 de abril de 2011

Isso de querer
ser exatamente aquilo

que a gente é

ainda vai
nos levar além...
Paulo Leminsk
 
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

Oswald de Andrade

quarta-feira, 23 de março de 2011

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

Antônio Gedeão


segunda-feira, 14 de março de 2011


É preciso a chuva escura, a noite
A solidão

É preciso tudo agora
Um dissabor uma vitória uma confissão

A voz de um instrumento e a tua mão

Que nos faça acordar
Meias palavras não bastam
É preciso acordar

É preciso mergulhar mais que mil pés
Onde Netuno traça o rumo das marés

É preciso acertar a direção dos pés
Quando os velhos caminhos se esgotam
E os tempos não voltam...

Antonio Villeroy
Créditos da Imagem: Vicent Van Gogh 

segunda-feira, 7 de março de 2011

 
Eu conheço de perto a loucura
Ela mora no meu sangue
E me conta sempre com voz mansa
Que o amor é o sol
Dos que se prezam.

Isabel Câmara

 
Créditos da Imagem: Picasso - Gravura

"Quanto mais eu observo o universo mais ele se parece a um grande pensamento do que a uma grande máquina".

Albert Einstein

quarta-feira, 2 de março de 2011


Rua que é meu endereço onde tudo começa
Meus planos, meus passos, por onde me vês
Rua de onde me ausento a passar outras ruas
Ao longe, ao tempo, bem mais do que um mês

Mas numa rua eu te encontro e uma alegria se instala
Entre faróis e avenidas nossos amores se embalam...

Antonio Villeroy / Bebeto Alves

terça-feira, 1 de março de 2011


A gente nunca pode desistir de encontrar sentido no aparente absurdo de nossa existência. Moacyr Scliar

Créditos da Imagem: Banksy- arte urbana, ou até onde pode crescer uma flor.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011



Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza, deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és?
Caio Fernando Abreu
The Kiss - Gustav Klimt

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

No casarão (... um rangido do tempo)


A escada de madeira exalava um perfume de amêndoa doce e os degraus rangiam. Subíamos e descíamos acelerados.
Estou subindo agora e entrando no corredor dos quartos, uma galeria com paredes brancas e portas escuras. Aqui não podemos correr, não podemos falar alto, guardamos o riso, o choro e o grito. Entro no quarto que tem cheiro de água na moringa. É fresco e úmido como a própria moringa, é simples como o cobertor cinza e áspero que se torna macio quando estendido sobre o lençol branco de algodão, silencioso como o criado mudo velando a cama junto à parede.
Abro a janela e tudo é colorido. Os canteiros de flores e as costelas de adão estão lá, como sempre estiveram, assim como o chão de terra batida e o horizonte com o trem contornando a curva da montanha. Escuto os risos, os choros e os gritos, e todos correm para a estação de chegada e partida.
Deixo o quarto e de novo no corredor volto os olhos pro final da galeria, de lá vem o eco dos azulejos, dos últimos pingos do chuveiro.
Desço as escadas, desacelerada, e range o tempo.
No vestíbulo me encontro com ele, estático e eterno, me deparo com ele guardando tudo por dentro, o meu primeiro abrigo na sua moldura oval: o espelho de corpo inteiro.
Por ele vejo as mães passando com os cabelos presos, tornozelos à mostra, e os filhos chamando por elas. Os filhos sempre chamam por elas quando as vêem passar.
Vejo os balões de festa que estouram nas mãos dos meninos e das meninas que deslizam na água da fruta madura com o gosto do tamarindo salivando a vida. Escuto a ciranda das vozes entardecidas.
Meus olhos salivam a imagem que vejo, meu corpo inteiro não cabe mais nele, no meu primeiro espelho por onde um dia atravessei e perdi o caminho de volta. Mas num chamado do tempo me encontro em meio aos que correm atendendo ao apito do trem com sua fumaça desenhando rolos de música e vento.

Maria Cristina Nunes

Texto extraído do Blog: cristinanunes.blogspot.com

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


Na estrada do tapejara:
O tempo que nos separa,
É o que mais nos aproxima,
Quem vira mundo não para,
Nem tampouco desanima...

E nesse andejar em frente,
Sem procurar recompensa,
Fui vendo - na diferença,
Entre passado e presente,

Que a lembrança de um ausente,
Tem mais força que a presença!
 
Trecho de Querência, tempo e ausência, de Jayme Caetano Braun

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Encontrei minhas origens



Encontrei minhas origens
Em velhos arquivos
Livros
Encontrei
Em malditos objetos
Troncos e grilhetas
Encontrei minhas origens
No leste
No mar em imundos tumbeiros
Encontrei
Em doces palavras
Cantos
Em furiosos tambores
Ritos
Encontrei minhas origens
Na cor de minha pele
Nos lanhos de minha alma
Em mim
Em minha gente escura
Em meus heróis altivos
Encontrei
Encontrei-as, enfim
Me encontrei.

Oliveira Silveira

Do Blog:
http://afroetec.blogspot.com/2009/11/encontrei-minhas-origens-oliveira.html

E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei...

Rodrigo Amarante
Fotografia de Pierre Verger

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011



Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa

Créditos da imagem: http://antoniocarlossilva.blogspot.com/2010/12/o-varal-das-cores.html

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém....



Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.


Ternura - Vinícius de Moraes

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011


Cuando los blancos llegaron, nosotros teníamos la tierra y ellos la Biblia. Nos enseñaron a rezar con los ojos cerrados. Cuando los abrimos, los blancos tenian la tierra y nosotros la Biblia.

Kenyata

terça-feira, 18 de janeiro de 2011


Lutam melhor os que têm belos sonhos.
                                                                     Che Guevara

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A Bruxa - Carlos Drummond de Andrade


 
Nesta cidade do Rio
De dois milhões de habitantes
Estou sozinho no quarto
Estou sozinho na América.

Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
Anunciou vida a meu lado.
Certo não é vida humana,
Mas é vida. E sinto a Bruxa
Presa na zona de luz.

De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
Desses calados, distantes,
Que lêem verso de Horácio
Mas secretamente influem
Na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
E a essa hora tardia
Como procurar amigo?

E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
Que entrasse nesse minuto,
Recebesse esse carinho
Salvasse do aniquilamento
Um minuto e um carinho loucos
Que tenho para oferecer.

Em dois milhões de habitantes
Quantas mulheres prováveis
Interrogam-se no espelho
Medindo o tempo perdido
Até que venha a manhã
Trazer leite, jornal, calma.
Porém a essa hora vazia
Como descobrir mulher?

Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
Conheço vozes de bichos,
Sei os beijos mais violentos,
Viajei, briguei, aprendi
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras

Mas se tento comunicar-me,
O que há é apenas a noite
E uma espantosa solidão

Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
Querendo romper a noite
Não é simplesmente a Bruxa.
É antes a confidência
Exalando-se de um homem.

Créditos da imagem: obra de
Friedensreich Hundertwasser

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu não me entrego ao dinheiro, só ao olhar do meu amor...



Dona Belinha e seu passarinho.
Imagem extraída do documentário Patativa do Assaré - Ave Poesia.
Trecho da música Sina, de Fagner.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011



Os escafandristas virão
explorar sua casa
seu quarto, suas coisas
sua alma, desvãos.

Sábios em vão
tentarão decifrar
o eco de antigas palavras
fragmentos de carta, poemas,
metiras, retratos
vestígios de estranha civilização.

Chico Buarque

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Poema Mestiço



Escrevo mediterrâneo
na serena voz do Índico

Sangro norte
em coração do sul

Na praia do oriente
sou areia náufraga
de nenhum mundo

Hei-de
começar mais tarde

por ora
sou a pegada
do passo por acontecer...

Mia Couto

Fotografia de Sebastião Salgado

Sendo assim, só me resta esperar que em breve o céu se feche, escureça e a chuva se derrame em minhas mãos como uma bênção. Quero provar o sabor das nuvens novamente. Desde agora já estou pronto para ser engolido por qualquer temporal que venha sem aviso. Se a vida é como uma chuva que cai intensamente e logo passa, viver é quando a gente se lança no meio da tempestade e se deixa molhar sem medo.

Reneé Venâncio

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de mordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.


O poeta pede ao seu amor que lhe escreva. Garcia Lorca
Créditos da Imagem: Banksy/ Arte de Rua

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mi alma es, frente a tu alma, como el mar frente al cielo: pasarán entre ellas, cual la sombra de un vuelo, la Tormenta y el Tiempo y la Vida y la Muerte!



Fragmento do poema Desde Lejos, de Delmira Agustini, adaptado e cantado por Rossana Taddei.

Camino del Recuerdo


Caminaré por esas calles que hace tiempo fueron mías
Y buscaré el sol clarito que alumbraba aquellos días
de mi infancia

Pequeña flor que se durmió en el recodo de un jardín
Recordaré las mediodías en la sombra de una higuera
Y aquél abuelo que cuidaba parejeros pa' las pencas
de domingo
Lejana voz que se grabó en mi vivir de cunumí

Yo volveré, más temprano que tarde volveré
A reconocerme en la mirada de mi gente
Y en la nostalgia de algún paisano trovador


Yo volveré más temprano que tarde volveré
Y aunque tanto tiempo estuve ausente
Verá mi pueblo que lo llevo en mi canción

-Martim César Gonçalves; Aluisio Rockembach
Camino Del Recuerdo faz parte do cd Santa Flor; http://www.aluisiorockembach.com/