Já
faz certo tempo que deixei de assistir a Rede Globo. Foi uma das melhores
coisas que fiz ultimamente. Não sei sequer os nomes das novelas das 6 e das 7 e
das peripécias deste tal de Félix só ouço falar. A Rede Globo é um dos
principais mecanismos de alienação no país e é destaque quando o assunto é a
ditadura da mídia comercial. Trata os expectadores como consumidores e tenta
vender, a todo instante, seus produtos e ideias. Come na mão de seus
anunciantes. Em nada colabora para o nosso crescimento, autonomia, organização.
O
programa Zorra Total é um dos piores que já vi. Vende corpos de mulheres
seminuas, piadas de mau gosto, estereótipos da comunidade LGBT e tem um grande
teor racista. Lembram a personagem Adelaide, interpretada pelo ator Rodrigo
Santanna? Está sendo investigada pela 19ª Promotoria de Investigação Penal, no
Rio de Janeiro, após diversas denúncias de cidadãos e ONGs à Ouvidoria Nacional
da Igualdade Racial, órgão ligado à Presidência da República, que notificou a
justiça sobre os “estereótipos racistas” da personagem.
A
Sessão da Tarde passa um milhão de vezes os mesmos filmes, desde que eu era
criança. Programação de qualidade voltada para o público infantil, inexiste. Passar
o domingo sob a companhia do Faustão deve ser a pior programação para a tarde
de um brasileiro. Passar o sábado, logo o sábado, com o Luciano Hulk então,
acho que é ainda pior. Um circo de má qualidade, salvo raras exceções.
O
jornalismo, por sua vez, é atividade das mais tendenciosas. Além da avalanche
de notícias de violência e cenas de sangue (enquanto almoçamos e jantamos), é
mestre em manipular as informações, editar e distorcer os dados do país. A
emissora foi inaugurada em 1965, no período da ditadura militar, apoiou este
regime. Hoje em dia continua a atuar firmemente no jogo de interesses, a favor
dos poderosos e no controle políticos das informações.
Sim,
tem lado, e nem precisamos dizer que lado é este.
Ao
menos nesta primeira semana de janeiro uma boa notícia: no ano de 2013 a
emissora teve uma das piores audiências de sua história. É, o império está
ruindo, o povo não é bobo.
Nos
manifestos e nas ruas em todos os cantos país uma das principais reivindicações
é a da democratização da comunicação. A cassação da concessão pública de uma
empresa privada que tem uma longa lista de acusações de fraudes e sonegação.
Que recebe bilhões através de repasses, em detrimento das Tv´s comunitárias e
da mídia alternativa, que tem desempenhado um importante papel para a circulação
de notícias e para que se conheçam diferentes versões dos fatos apresentados.
Precisamos
ser mais ousados, desligar a televisão em horário nobre. Neste tempo, podemos
ler um livro. Contar uma história para uma criança. Aprender alguma coisa nova.
Quem sabe até sair por aí... Encontrar pessoas. Conversar. Podemos fazer o que
der na cabeça, qualquer coisa será melhor.
Dizer
que não estamos preocupados em comprar e consumir cada vez mais. Dizer não aos
16 milhões de comerciais que circulam por ano. Estamos cansados. Queremos
programação de qualidade. Queremos, através das leis, a garantia de uma
comunicação plural e democrática. Para começar o ano, queridos leitores, desejo
o que poderia desejar de melhor para todos vocês: muita saúde e um 2014 sem Rede
Globo!
Andréa Lima
Publicado orginalmente no Jornal Fronteira Meridional em 08/01/2014.
Fonte da imagem: natransversaldotempo.wordpress.com
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